Análise de metais em materiais biológicos

A determinação da concentração de metais em fluidos e tecidos biológicos como sangue, urina, cabelo, vísceras, unhas e etc, tem sido utilizada como uma ferramenta eficaz para o controle de estados de carências nutricionais de elementos essenciais à vida humana, bem como possíveis patologias associadas a níveis elevados de determinados metais potencialmente tóxicos.
O sangue constitui uma excelente fonte para avaliação de contaminação devido à exposição crônica ou aguda de contaminantes. A excreção de elementos através da urina torna esta um material de grande interesse terapêutico e de investigação toxicológica.

Existem algumas dificuldades na determinação de certos elementos no sangue e na urina por serem, nestes, as concentrações geralmente pequenas e dependentes do tempo. O cabelo humano é uma alternativa, pois apresenta altos níveis de concentração de metais em relação ao sangue e a urina, permitindo a determinação de elementos menores e traço, e a vantagem de ser facilmente coletado, transportado  e armazenado. Por outro lado, espécies químicas podem ser incorporadas pelo cabelo por mecanismos exógenos e endógenos. Os mecanismos endógenos são os mais importantes quando se deseja avaliar se existe algum tipo de desequilíbrio nutricional e/ou intoxicação ambiental. Mesmo havendo uma contribuição dos mecanismos exógenos a concentração total de um elemento, procedimentos de lavagem do cabelo têm sido amplamente discutidos e aplicados com o objetivo de minimizar problemas em interpretações médicas de resultados.

Técnica Para Determinação de Elementos Traços
A determinação de elementos-traço em amostras biológicas por algumas técnicas apresenta sérias dificuldades por se tratar de matrizes complexas que requerem um extensivo pré-tratamento. A técnica de ET AAS associada à modificação química permanente tem sido aplicada à determinação de elementos traço com boas exatidão e precisão, sendo necessário, apenas um rápido pré-tratamento da amostra.
Para a determinação de elementos traço, a técnica da Espectrometria de Absorção Atômica em Forno de Grafite (ETAAS) é bastante apropriada e tem sido amplamente usada devido a sua seletividade, sensibilidade e capacidade de analisar com a mínima ou nenhuma preparação, matrizes diversas como sedimentos, tecidos biológicos, fluidos corpóreos,  água, alimentos, combustíveis, e outros .O forno de grafite permite que a eliminação da matriz,  cuja presença pode diminuir a performance analítica, e a atomização da amostra, ocorram em etapas distintas, através de um programa de temperatura do forno, sendo este o principal diferencial entre a técnica de ET AAS e a da Espectrometria de Absorção Atômica em Chama (FAAS).
Na etapa de secagem ocorre a evaporação do solvente da amostra seguida da destruição da matriz na etapa de pirólise,  com conseqüente eliminação dos concomitantes da amostra.  A atomização é a etapa na qual ocorre a formação da nuvem atômica do analito e a leitura do sinal de absorvância. Dependendo de cada caso, pode ocorrer uma etapa de pré-pirólise.
Mesmo ocorrendo etapas distintas pode haver perdas de analito na etapa de pirólise ou a presença de concomitantes da amostra ainda não eliminados na etapa de atomização, causando interferências. A modificação química é uma prá-tica comum em determinações por ET AAS cuja função é aumentar a estabilidade térmica do analito e/ou a eficiência da etapa de pirólise por aumento na volatilização da matriz, eliminando, assim, interferências provocadas pela matriz ou  concomitantes presentes na amostra.
O modificador químico, figura ao lado, pode atuar de duas formas: combinando-se com o analito, aumentando sua estabilidade térmica ou combinando-se com a matriz aumentando sua volatilidade.


Bioindicadores :Mercúrio na urina

O mercúrio é um metal nocivo ao homem e à natureza. No meio ambiente, está associado a outros elementos, o mais comum é o enxofre, com quem forma o minério cinabre (HgS) . É o único metal encontrado na forma líquida em condições normais de temperatura e pressão, formando vapores tóxicos incolores de inodoros, sendo, por isso, reconhecido como "perigo silencioso".
A exposição do homem ao mercúrio pode ocorrer por acidentes no meio ambiente ou por exposição ocupacional. Na Amazônia, o mercúrio é lançado no ecossistema aquático, principalmente através do processo de amalgamação do ouro realizado nos garimpos, levando à exposição e contaminação humana pela ingestão de peixes contaminados.
Já a exposição ocupacional ao mercúrio metálico é mais freqüente para profissionais que trabalham com o processamento de metais, a indústria de produtos químicos, equipamento elétrico, automotores e de construção, bem como em serviços médicos e dentários. Nos serviços dentários, odontólogos e assistentes podem ser expostos à contaminação por mercúrio na preparação e manipulação do amálgama de prata que contém mercúrio.
A principal via de penetração no organismo é a respiratória, sendo que 80% do mercúrio inalado é absorvido pelos pulmões e retido no organismo. Em grávidas, pode atravessar a barreira placentária, atingindo o embrião/feto, aumentando o risco de abortos. No corpo, a meia vida do mercúrio é, em média, de 60 dias, enquanto que no SNC, ultrapassa um ano e não há provas de que seja totalmente eliminado do organismo. O mercúrio é eliminado principalmente através da urina e fezes, além da saliva, suor e ar expirado.
A exposição crônica por baixas concentrações e longos períodos é caracterizada por sintomatologia insidiosa, quase sempre ignorada, ou atribuída a outras causas. Afeta basicamente o aparelho gastrointestinal sistema nervoso e psíquico, sendo que essas alterações variam de quadros leves a muito graves.
O nível de mercúrio urinário está relacionado com a exposição ambiental recente e é usado para monitorar a exposição à vapores de mercúrio. A NR7 aponta que o teor de mercúrio na urina é considerado como indicador biológico máximo permitido de mercúrio inorgânico urinário e 10µg/L de urina, como valor de referência da normalidade.

Referências
 FROES,R.E.S;WINDMOLLER,C.C;SILVA,J.B.B.Emprego da modificação química permanente para a determinação de metais em matrizes diversas por  espectrometria de absorção atômica em forno de grafite. Revista Analytica•Junho/Julho 2006•Nº23.

OIKAWA,T;PINHEIRO,M.C;VAZ,B.F;TODA,K.S.Avaliação dos teores de mercúrio na urina dos graduandos de odontologia. Rev. Para. Med. v.21 n.3 Belém set. 2007.




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