FUNDAMENTOS DE FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA PARA A QUÍMICA FORENSE




Farmacologia: estudo científico das drogas, de onde elas vêm e como funcionam. De forma mais abrangente, podemos definir farmacologia como o estudo científico das drogas, de onde elas vêm, sua natureza, sua composição química, a ação esperada, seus efeitos desejáveis e indesejáveis e seus usos.
A farmacologia subdivide-se em farmacodinâmica e farmacocinética. a primeira descreve os efeitos fisiológicos que a drogas têm em células ou organismos vivos, mostrando como as drogas influenciam as funções corporais por meio de mudanças bioquímicas nos fluidos e tecidos. A segunda descreve a absorção, a distribuição, o metabolismo e a eliminação (excreção) das drogas.
Toxicologia: a toxicologia é uma área especializada de estudo da farmacologia, pode ser definida como o estudo das toxinas e dos seus antídotos.
Podem ser apontados três elementos básicos da toxicologia:
a)      A existência de uma substância química (agente) capaz  de produzir uma determinada resposta em um organismo vivo;
b)      A identificação do sistema (organismo) sobre o qual a substancia poderá interagir;
c)      A necessidade de que a resposta (efeito) possa ser considerada nociva ao sistema com o qual interage.

TOXICOLOGIA DE ALGUNS COMPOSTOS ORGÂNICOS:

Compostos Anfetamínicos

Os compostos anfetamínicos são constituídos pela anfetamina e seus derivados (fetermina, desoxiefedrina etc.), atuando como estimulantes do sistema nervoso central, sendo uma das suas principais características a eliminação da sonolência, mantendo o estado de vigília por horas a fio.
Produzem inicialmente euforia e bem- estar, bem como aumento da capacidade física e intelectual. Contudo, podem provocar, também, irritação e inquietação, entre outros efeitos adversos. A maioria dos especialistas considera que essas drogas provocam, em verdade, apenas dependência psíquica, visto não serem observados sintomas físicos característicos de uma verdadeira síndrome de abstinência, caso seu uso seja suspenso.
A anfetamina é rapidamente absorvida após a administração oral, distribuindo-se, preferencialmente, no cérebro, rins e pulmões.
Os compostos resultantes de sua biotransformação (uma das principais vias de sua biotransformação é a hidroxilação do anel aromático), bem como a substância inalterada são excretados pela urina, sendo a excreção marcadamente dependente do volume e do pH urinário. Tal fato leva a alterações significativas da concentração das formas inalterada e biotransformada durante o dia, visto que tanto o volume quanto o pH urinário também variam nesse período. Sabe-se ainda que a anorexia causada por esses compostos pode provocar uma Cetose, com conseqüente acidificação da urina, o que aumenta a excreção dos mesmos.

Morfina
A morfina é um alcalóide presente no ópio (cerca de 10%), tendo ação hipnoanalgésica. É facilmente absorvida pelas mucosas, sendo lenta sua absorção pelo trato gastrintestinal, em função se seu elevado pKa (9,85). A concentração de morfina livre no plasma sanguíneo após ingestão oral é apenas 20% da observada quando da administração intravenosa.
Após absorção, a morfina livre deixa rapidamente o sangue, concentrando-se em órgãos tais como rim, pulmão, fígado e baço. Após 48 horas sua presença (ou de seus metabólitos) ainda pode ser detectada no sangue, sendo que sua concentração diminui drasticamente nas primeiras 10 horas (90% da excreção urinária ocorre nas primeiras 24 horas). Por se acumular na bile, parte da morfina (7-10%) consumida pode, em alguns casos, ser excretada também pelas fezes. Uma dose de 200 mg costuma ser letal.
Para a morfina e hipnoanalgésicos em geral, a dependência costuma caracterizar-se por intensa dependência psíquica (compulsão para o consumo de droga) e forte tolerância (para obtenção dos efeitos euforizantes iniciais, doses cada vez maiores são necessárias).
Uma característica dos compostos opiários é chamada dependência cruzada, ou seja, o usuário que tenha desenvolvido tolerância com relação a um dos compostos, terá também com os demais.

FARIAS, R. F. Introdução à Química Forense. Campinas, SP: Editora Átomo, 2008. 2ª Edição

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