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Análises químicas elucidam crimes
Uma das salas mais vigiadas por sistemas de segurança do planeta é o laboratório de química forense do escritório central do Federal Bureau of Investigation (FBI), Polícia Federal dos EUA, um prédio camuflado entre bosques e vigiado por câmeras e sensores de presença, no estado norte-americano da Virgínia. Nesta sala estão protegidos vinte aparelhos de cromatografia líquida com espectrômetro de massa acoplado (LC-MS) que somam aproximadamente entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões. A partir desta informação observamos o quanto à técnica de cromatografia líquida é importante para as análises forenses “A cromatografia líquida com espectrometria de massa é atualmente a tecnologia de maior eficiência na química aplicada à criminalística”, assinala o especialista José Luiz da Costa, com pós-doutorado em Química Forense pela Universidade de São Paulo. Ele já esteve a serviço da perícia criminal de alta tecnologia tanto da polícia paulista como da Polícia Federal brasileira e conhece os laboratórios do FBI. No Brasil existem equipamentos semelhantes em São Paulo e Porto Alegre.
Segundo Costa, o LC-MS permite detectar uma variedade de substâncias ilegais no combate ao crime organizado. Como explicou, o espectrômetro informa o peso molecular, mas não separa nem caracteriza as substâncias. O resultado final de um ensaio em química forense fica muito mais interessante se você apontar a quantidade de cada composição devidamente separada. Neste caso, emprega-se a cromatografia líquida como forma de identificar e caracterizar cada material, que em diversas ocasiões apresenta matrizes complexas. 
Selecionados os grupos de vestígios, apresentados em suas dezenas de partículas diferenciadas, o material está pronto para ser qualificado quanto ao seu peso molecular no espectrômetro de massa acoplado. Conforme Costa, a cromatografia gasosa acoplada ao MS ainda é muito empregada, mas por degradar algumas famílias de substâncias, como drogas de abuso sintéticas, pode comprometer o resultado de uma análise. Costa citou o exemplo prático de uma perícia realizada por ele para a polícia judiciária de São Paulo.
Neste caso, ele procurava as provas para incriminar traficantes de DOB, um alucinógeno sintético conhecido como cápsula do medo, pois seu efeito deletério conduz o usuário a uma sequência de crises de pânico. Pode ser acondicionado em apenas um miligrama em cápsulas muito pequenas. Na cromatografia gasosa, este não apareceria, e não haveria como confirmar a distribuição isotrópica do mesmo para produzir a prova criminal, diferentemente da cocaína e do ecstasy, que apesar de degradáveis, quase sempre são encontrados em grandes volumes. Como explicou Costa, o DOB incorpora na sua composição o bromo, elemento químico encontrado na tabela periódica com peso molecular variável entre 79 e 81. No caso da perícia realizada pelo especialista foi possível detectar oscilações entre 70 e 74 até 80 de peso molecular.
O próximo passo foi produzir a fragmentação. Depois os químicos forenses isolaram cada substância e conseguiram encontrar mais de dez massas diferentes do elemento químico. Contudo, nesta amostragem não houve separação, mas infusão direta da substância diluída em metanol por meio de uma seringa. Uma partícula do bromo se fragmentou em partícula pericialmente aceitável e permitiu a produção do laudo criminal.
Na Universidade de Campinas, técnica semelhante é empregada na identificação de perfumes e uísques falsificados. Neste aspecto, o LC-MS se constitui numa balança físico-química bastante confiável.
Incorporação de tecnologias
 O II Seminário Internacional de Química Analítica ministrada pelo coordenador do programa de ciências forenses da Florida International University, o doutor em Química, José Almirall. Detalhou as mais diversas técnicas à disposição da química pericial. Mas em resumo afirmou que; a química forense é a aplicação da química na investigação de crimes. Almirall conhece bem o Brasil e salientou que no país vários casos de homicídios, suicídios e suas respectivas tentativas (casos em que a morte não é alcançada) são registrados mensalmente nas Delegacias Policiais. Os materiais suspeitos de envolvimento com a prática criminosa são encaminhados aos institutos de criminalística, os quais estão se aparelhando cada vez mais.  A química forense está dividida por tipologias. As principais são as investigações de acidentes de trânsito, incêndios e disparos com armas de fogo. O objetivo sempre é o de apontar a existência de dolo, negligência ou imperícia.
Conforme o pesquisador, a química analítica forense estuda pinturas e escombros de incêndios para identificar se os sinistros ocorreram acidentalmente ou foram premeditados. As técnicas perseguem ainda rastros de resíduos de disparos. Evidências são encontradas em doadores e receptores.
No agrupamento dos vestígios por características similares de qualquer tipo surgem as evidências capazes de apontar quem esteve na cena do crime e quais materiais foram empregados pelos autores do fato. Em automóveis, os diferentes fabricantes usam as mais variadas formulações de polímeros nas pinturas, das camadas inferiores de proteção até o revestimento de cobertura com finalidade estética. São dezenas de marcas e composições ofertadas no mercado. Se houve retoque para maquiar alguma prova é possível identificar pelas diferenças encontradas entre os polímeros dos materiais de fábrica e os de repintura.
Os vidros se originam de composições também diferenciadas e sem individualizar a origem desses materiais não é possível apontar as qualidades raras. Nem uma fibra de lã. De acordo com Almirall, os passos para as análises de vestígios se relacionam com o isolamento do corpo-de-prova, sua identificação, comparação, interpretação, valores qualitativos e quantitativos.
Os métodos manuais são os adesivos, a lavagem, a raspagem, identificação de fibras têxteis, telas, cordas e rupturas de estruturas das mais diversas. Por processos de análise sofisticados como a estereomicroscopia, identificam-se fibras e cor, substâncias naturais como plantas e argilas, ou sintéticas, poliéster, náilon.
No entanto, é sempre importante apontar qual substância esteve diretamente relacionada com o crime. Por exemplo, um incêndio foi provocado por gasolina, mas o local era uma fábrica de móveis. No ambiente havia tintas, vernizes, solventes, tíneres, lacas, plásticos. Com a química forense é possível apontar exatamente qual formulação produziu a ignição inicial e quais queimaram como consequência do ato criminoso. Muitas vezes ao recolher amostras pode ocorrer a destruição de provas. Logo nas inspeções iniciais para coleta de amostras no local da ocorrência é preciso cuidado e rapidez, pois as evidências são altamente voláteis.  Outra técnica utilizada é a espectrometria de raio X, a qual mede o peso das partículas emitidas. É considerada interessante em química forense por não destruir corpos-de-prova, o que acontece na absorção atômica, nas técnicas com uso de plasma e emissão ótica.
A outra técnica modernamente empregada é o laser por ablação acoplado ao ICP-MS, espectrômetro de massa que analisa componentes de amostras ionizadas, usado na investigação de vidros.
 Com o avanço nos métodos de análise fica mais  fácil aprimorar a perícia criminal no combate ao crime organizado, o tráfico de entorpecentes, crimes ambientais e os atentados contra a pessoa.

Referências: 
Castro , F.C. Análises químicas elucidam crimes. Revista Química e Derivados Edição nº477 Setembro. 2008. Disponível em: www.quimica.com.br/revista/qd477/atualidades/atualidades01.html






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