Esteroides x hipotireoidismo e hormônios sexuais

Esteróides anabolizantes X Função tireóidea


A utilização de esteróides anabolizantes por indivíduos que desejam
aumentar sua performance física, ou simplesmente para fins estéticos,
tem atingido índices alarmantes nas últimas três décadas. Além dos
efeitos desejados, uma infinidade de efeitos colaterais já foi bem descrita
na literatura, como vários tipos de câncer, ginecomastia, peliosis hepatis,
insuficiência renal, virilização, dentre outros. Sobre a função tireóidea, o
efeito mais pronunciado em seres humanos é a diminuição da TBG ( globulina ligadora de tiroxina) com conseqüente diminuição sérica de T3 e T4 totais, dependendo, porém, da susceptibilidade da molécula à aromatização e conseqüente transformação em estrógeno. Em ratos, o tratamento com esteróides anabolizantes altera a metabolização periférica dos hormônios tireóideos e também parece causar importante efeito proliferativo sobre as células tireóideas.
Assim, estas informações visam esclarecer os efeitos de doses suprafisiológicas de esteróides anabolizantes sobre a função tireóidea, reforçando o perigo que a utilização indiscriminada dessas drogas pode causar à saúde. (Arq Bras Endocrinol Metab 2007; 51/9:1417-1424)

Metabolismo e mecanismo de ação dos
esteróides anabolizantes

A testosterona possui efeitos em diferentes tecidos.
Alguns desses efeitos ocorrem apenas após a metabolização da testosterona, que pode gerar dois outros esteróides ativos: a di-hidrotestosterona (DHT) e o
estradiol. Alguns efeitos parecem ser mediados pela própria testosterona, alguns pela DHT e outros pelo estradiol.
Algumas evidências sugerem a existência de transportadores e/ou receptores de membrana para a testosterona. Após entrar na célula, o hormônio será convertido a DHT ou agirá diretamente, ligando-se ao receptor de androgênio, que pertence à super-família de receptores nucleares. Tanto a testosterona quanto a DHT ligam-se ao domínio de ligação ao hormônio do receptor, permitindo a ligação do complexo a genes responsivos, agindo como um fator transcricional que regula a expressão desses genes.

Uma vez que existem receptores para os esteróides sexuais na tireóide, é razoável esperar efeitos diretos desses hormônios no crescimento e função
da glândula.
 Estudos demonstraram que a testosterona é um potente fator mitogênico nos tireócitos em cultura, atuando em conjunto com o TSH ou não .
 O estrogênio aumenta a concentração sérica de TBG, resultando num aumento de T4 ligado e de TSH.
Os esteróides anabolizantes, quando utilizados em doses suprafisiológicas, possuem efeitos sobre a função tireóidea. Dentre esses efeitos, o mais pronunciado em seres humanos é a diminuição da TBG. Como essa proteína é uma das responsáveis pela manutenção das concentrações séricas de T4 e T3 para o aproveitamento celular e conseqüente resposta biológica, com sua diminuição ocorre diminuição da concentração sérica total desses hormônios. Porém, essa diminuição dependerá da susceptibilidade à aromatização do esteroide anabolizante utilizado. Uma série de outras alterações também foi relatada em humanos, sendo que a maioria dos estudos evidenciou o aparecimento de um quadro que pode ser confundido com hipotireoidismo subclínico, com TSH sérico elevado e T4 livre normal.
Além dos efeitos sobre as concentrações séricas de TBG, as conseqüências das ações diretas dos esteroides sobre a célula tireóidea precisam ser melhor avaliadas. Assim, a presente revisão reforça o perigo da utilização indiscriminada de esteróides anabolizantes para a saúde, demonstrando mais um sistema que pode ser afetado por essas substâncias.
Esteróides Anabolizantes x sistema reprodutor
  Entre os efeitos indesejados sobre o sistema endócrino e reprodutivo destacam-se nos homens: a menor produção de testosterona, atrofia testicular, a oligo e azoospermia, genicomastia, carcinoma prostático, priapismo, impotência, alteração do metabolismo glicídico, alteração do perfil tireoidiano A administração exógena dessas substâncias afetam o eixo hipotálamo-hipofisário-gonodal, resultando num feedback negativo na secreção do hormônio folículo-estimulante (FSH) e do hormônio luteinizante (LH) que, por sua vez, diminuem a produção de Testosterona endógena, resultando na redução da espermatogênese (LISE et al., 1999). Assim, a virilidade e a fertilidade normais do homem necessitam de um controle direto do eixo hipotálamo-hipofisário-gonodal.
Tradicionalmente, sabe-se que o diagnóstico da infertilidade masculina depende de uma avaliação descritiva dos parâmetros estudados após ejaculação, com ênfase na concentração, morfologia, motilidade e vitalidade dos espermatozóides (Guerra et al, 2005).  O efeito dos esteróides anabolizantes sobre a espermatogênese se produz através de uma retroalimentação negativa do eixo hipotálamo-hipofíse-gonodal, inibindo tanto a secreção hipotalámica de GNRH como á hipofisária de FSH e LH. Induzindo um hipogonadismo (Turek et al, 1995). Atuando também em um efeito gonadotóxico direto.

Referencias: FORTUNATO,R.S . et al. Esteróides Anabolizantes e Função Tireóidea Arq Bras Endocrinol Metab;51/9 1417, 2007.
Nunes,G.L. Esteroides anabolizantes: mecanismo de acción y efecto sobre el sistema reproductor masculino. Revista Digital - Buenos Aires : 14 - 136 – 2009. Disponível em: http://www.efdeportes.com, acessado em 08/09/2011.

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